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Resistência e Autossabotagem: Como vencer o freio invisível que te impede de evoluir

Você já sentiu que precisa dar um passo à frente, mas alguma coisa te segura? Já teve dias em que planejou fazer algo importante para você – um curso, um projeto, iniciar uma dieta, academia, uma mudança na rotina – mas, quando chegou a hora, ficou paralisada? Pois é, eu também. Por anos, vivi essa batalha invisível contra algo que eu nem sabia nomear. Até que descobri: isso tem nome, e se chama “Resistência”.

Steven Pressfield, no livro A Guerra da Arte, descreve a resistência como uma força impiedosa que aparece sempre que tentamos crescer, mudar ou criar algo novo. Ele diz que a resistência age como um inimigo interno, sabotando nossos planos e nos mantendo presos exatamente onde estamos. E acredite, ela é ardilosa. Às vezes, ela se disfarça de cansaço, procrastinação, falta de tempo ou até de um perfeccionismo paralisante. Outras vezes, se veste de dúvida, medo do julgamento ou de uma estranha apatia, aquela sensação de que “tanto faz”.

Para mim, a resistência foi um ciclo cruel. Eu queria mudar de carreira, me reinventar, mas tudo parecia grande demais, fora do meu alcance. Eu começava cheia de energia, mas logo vinha um bloqueio. A rotina me engolia. Eu me sentia sobrecarregada, incapaz, frustrada. Meu marido me cobrava, minha família me olhava com pena, e eu mesma me julgava sem piedade. O tempo passava e, em vez de avançar, eu me sentia cada vez mais impotente. Era como se estivesse atolada em areia movediça: quanto mais me debatia, mais me afundava.

O problema da resistência é que ela não age sozinha. Ela se alimenta da nossa insegurança, do nosso medo e dos condicionamentos que carregamos desde a infância. Como bem explica Clarissa Pinkola Estés em Mulheres que Correm com os Lobos, sempre que tentamos despertar nossa força interior, a resistência surge para nos testar. Ela sussurra que não somos boas o suficiente, que vamos falhar, que é melhor ficar onde estamos. E, sem perceber, nos convencemos disso.

Mas aqui está a verdade: a resistência não é um sinal de que devemos desistir. Muito pelo contrário, se ela apareceu, é porque estamos no caminho certo. Como um músculo que dói ao ser exercitado, a resistência é apenas a barreira entre quem somos hoje e quem podemos nos tornar. E o primeiro passo para superá-la é entendê-la.

Nos próximos tópicos, vamos avaliar como a resistência opera, por que ela nos mantém presos e, principalmente, como podemos vencê-la. Se você já se sentiu paralisada diante de algo que desejava profundamente, continue comigo. Vamos descobrir juntas como romper esse ciclo e seguir em frente.

A mente como um motor: Freio x Aceleração

Quando sentimos que por mais que queiramos mudar, algo invisível nos puxa para trás como se houvesse uma força nos segurando no mesmo lugar, impedindo qualquer avanço, saiba que não é preguiça, falta de disciplina ou desorganização – é a resistência agindo como um freio mental. Nosso cérebro é uma máquina incrível, programada para manter a segurança e evitar riscos e desperdício de energia. Mas essa segurança pode virar uma prisão. Sempre que tentamos algo novo ou nos desafiar de alguma forma, ele interpreta isso como uma ameaça. 

A resistência não é apenas um mecanismo biológico, mas também emocional. Se dentro de nós ainda há feridas não cicatrizadas, medos infantis e crenças limitantes absorvidas na infância, enfrentá-la se torna um desafio ainda maior. Porque, no fundo, não estamos lidando com a mente racional do adulto e sim reagindo como a criança assustada que aprendeu a se proteger do desconhecido se escondendo.

Nosso sistema límbico, responsável pelas emoções e reações automáticas, foi moldado por experiências passadas. Se crescemos em um ambiente onde errar era motivo de punição ou onde nossas vontades eram constantemente invalidadas, aprendemos a evitar o novo para não correr o risco de errar de novo. E mesmo que, racionalmente, hoje sejamos adultos capazes, emocionalmente ainda podemos estar operando com a mentalidade daquela criança que sente medo, dúvida e insegurança.

A resistência funciona como um freio motor mental. Assim como um carro reduz a velocidade ao descer uma ladeira para evitar desgaste excessivo, nossa mente ativa esse freio sempre que identifica um “perigo” emocional. Só que esse perigo nem sempre é real. Ele pode ser apenas o eco de uma crença antiga, de um medo que não pertence mais à nossa realidade. E quanto mais tempo passamos com o freio puxado, mais difícil se torna soltar. Eu sei bem como é isso. Durante anos, cada vez que tentava me organizar para estudar, empreender ou simplesmente construir um novo caminho, vinha aquele peso: o medo do fracasso, a sensação de incapacidade, a crença de que eu não era boa o suficiente. O padrão se repetia e, com ele, crescia a frustração e eu me sentia cada vez menor. Quanto mais eu tentava sair, mais eu me prendia.

Se você se identifica com isso, saiba que não é falta de força de vontade ou disciplina – é um padrão enraizado lá atrás, e ele pode ser quebrado. A chave para destravar esse freio mental é reconhecer que a resistência não é um inimigo, mas um sinal de que estamos à beira de um crescimento. Se encararmos o medo como um alerta para avançarmos com consciência, em vez de um motivo para recuar, começamos a retomar o controle.

Vamos aprender a soltar esse freio, encarar a resistência de frente e finalmente colocar nossa energia no acelerador? Porque a estrada já está à nossa frente – só precisamos aprender a dirigir sem medo. 

Tipos de resistência e como elas aparecem

Se tem uma coisa que aprendi na marra é que a resistência não se manifesta de um único jeito. Ela tem mil disfarces e pode aparecer em diferentes áreas da nossa vida, muitas vezes de maneira sutil, quase imperceptível. Quando percebemos, já estamos atolados na inércia, sem entender direito o que nos paralisou.

Talvez você já tenha sentido isso: o desejo de começar algo novo –– mas, de repente, surge um obstáculo invisível. Você se distrai, procrastina, fica cansado só de pensar no assunto, ou então se convence de que “não é o momento certo”. Isso não é preguiça ou falta de disciplina. É a resistência se manifestando e tentando te manter onde está. E ela pode aparecer de várias formas: emocional, mental e física.

Resistência emocional: O jogo da autossabotagem

A resistência emocional é aquela que age diretamente nos nossos sentimentos, criando um ciclo de autossabotagem. Ela se alimenta do medo, da insegurança, da vergonha e do perfeccionismo.

Sabe quando você começa a procrastinar em algo que, no fundo, deseja muito? Pode ser porque teme falhar e acabar provando para si mesmo que “não é capaz”. Ou então porque o medo do julgamento te impede de dar o primeiro passo. Quando a família é muito crítica aí é que você não sai do lugar mesmo! Quantas vezes você deixou de fazer algo por medo do que os outros poderiam pensar? 

Steven Pressfield, no livro A Guerra da Arte, diz que a resistência sempre aparece quando estamos prestes a fazer algo importante para nossa evolução. Quanto mais significado aquilo tem para você, mais resistência surge. Parece injusto, não? Mas faz sentido. Se não fosse algo que realmente importasse, a resistência nem se daria ao trabalho de te segurar.

Eu vivi isso tantas vezes que poderia escrever um livro. Durante anos, queria estudar, criar algo novo, construir um caminho profissional alinhado com meu propósito. Mas a cada tentativa, um turbilhão de emoções me prendia. O medo do fracasso, a dúvida sobre minha capacidade, a sensação de estar sempre atrás dos outros. Tudo isso me fazia recuar antes mesmo de tentar.

Se você se reconhece aqui, saiba que não está sozinho. A resistência emocional adora se disfarçar de razão lógica: “não tenho tempo”, “não tenho dinheiro”, “não sou boa o suficiente”. Mas, no fundo, ela só quer te manter seguro dentro do que já é conhecido.

Resistência mental: As crenças que nos mantêm presos

Se a resistência emocional age nos sentimentos, a mental opera nos pensamentos. Ela se manifesta através de crenças limitantes, rigidez mental e a famosa falta de clareza.

Já reparou como, quando estamos presos a um paradigma, tudo parece impossível? Se crescemos ouvindo que dinheiro é sujo e envolve suor e lágrimas, que talento é algo nato ou que depois de certa idade não dá mais para mudar, essas crenças se tornam verdades inquestionáveis. Mas a verdade é que a maioria das nossas crenças não são nossas – foram programadas em nós pela família, escola e sociedade.

Se você se sente paralisado por pensamentos como “não sou criativo”, “nunca fui bom nisso”, “as coisas não dão certo para mim”, é porque está lidando com esse tipo de resistência. Nossa mente adora nos convencer de que estamos presos a uma realidade fixa, quando, na verdade, tudo pode ser reprocessado.

Resistência física: Quando o corpo diz “Não”

A resistência física é real e não deve ser ignorada. É aquela que só de pensar em um compromisso ou tarefa você já se sente exausto, ou quando, no momento de começar algo novo, bate um cansaço inexplicável? 

Nosso corpo responde ao que sentimos e pensamos. Se estamos emocionalmente bloqueados e mentalmente sabotados, isso se reflete na nossa energia. O sistema nervoso entende que aquela ação representa perigo e ativa respostas de cansaço, peso no corpo, sonolência. Não é coincidência que muitas pessoas sintam sono sempre que tentam estudar, meditar ou fazer algo novo.

O problema é que, se não reconhecemos isso como resistência, caímos na armadilha de achar que precisamos “esperar um momento melhor”, quando na verdade o que precisamos é entender o que está travando nosso sistema e encontrar formas de desativar esse freio.

Reconhecer a resistência é o primeiro passo

Seja emocional, mental ou física, a resistência tem um objetivo: manter você no conhecido, no seguro, no que é confortável – mesmo que isso signifique te manter longe do que você realmente quer.

Mas agora que você já identificou como ela age, fica mais fácil perceber quando ela está em ação. A boa notícia é que, se existe resistência, é porque existe algo grande esperando para ser feito. No próximo tópico, vamos falar sobre como quebrar esse ciclo e finalmente colocar energia no acelerador. Porque, uma vez que você entende o que está te travando, o caminho para seguir em frente se torna muito mais claro. 

Enfrentar a resistência exige estratégia, intenção e pequenas ações consistentes. O primeiro passo é a auto-observação. Identifique quando e como a resistência aparece no seu dia a dia. Ela vem em forma de procrastinação? Cansaço repentino? Medo de falhar ou até de dar certo? Tornar-se consciente desses padrões já reduz parte do seu poder.

Depois, é hora de reprogramar sua mente. Técnicas como EFT (Emotional Freedom Techniques) ajudam a liberar bloqueios emocionais profundamente enraizados, aliviando sentimentos como medo e insegurança. A TRG (Terapia do Reprocessamento Generativo) trabalha na ressignificação de experiências que reforçam esses padrões, permitindo que novas respostas mentais sejam criadas. Já a meditação acalma a mente, melhora o foco e fortalece sua capacidade de agir com consciência, ao invés de reagir no automático.

Mas nada disso adianta sem ação estruturada. É aqui que entra o planejamento. Em vez de confiar apenas na motivação, que é instável, crie uma agenda de curto e médio prazo. Defina horários específicos para cada micro ação que te aproxima dos seus objetivos.  Um bom planejamento inclui:

Atividades rotineiras: Organização da casa, compras, compromissos familiares. Isso evita que tarefas básicas se tornem obstáculos mentais.

Estudo e desenvolvimento: Escolha um horário fixo para aprender mais sobre seu projeto ou aprimorar suas habilidades. Mesmo que seja só 30 minutos por dia, a consistência faz diferença.

Autocuidado: Separe um tempo para práticas que equilibram seu corpo e mente, como meditação, leitura e atividades físicas.

Ações direcionadas ao seu objetivo: Se quer empreender, marque um horário para planejar seu negócio. Se quer mudar de carreira, dedique um tempo a novas conexões e aprendizado. Até uma simples ligação pode ser o primeiro passo para abrir uma porta.

Ao invés de apenas listar o que precisa ser feito, distribua essas ações ao longo do dia. Planeje por hora, encaixando pequenas tarefas na sua rotina. Isso reduz a sensação de sobrecarga e garante que, a cada dia, você esteja avançando um pouco mais.

A resistência não desaparece de um dia para o outro, mas, com consistência, sem pressa e sem pausa, você aprende a driblá-la. E quando perceber, estará no controle, não ela.

A importância de reescrever sua história

A forma como contamos nossa própria história define os caminhos que seguimos na vida. Se dentro de nós ecoam frases como “eu sempre desisto no meio do caminho”, “não sou disciplinada”, “as coisas são mais difíceis para mim”, então é isso que vamos reafirmar dia após dia. Mas e se pudéssemos mudar essa narrativa? Se, em vez de ver nossos desafios como barreiras intransponíveis, os encarássemos como partes do processo natural de crescimento?

Mudar essa história começa com a auto-observação. É preciso perceber os pensamentos automáticos que reforçam a resistência e escolher conscientemente novas formas de enxergar as situações. Por exemplo, ao invés de pensar “eu sou péssima em me organizar”, podemos reformular para “estou aprendendo a me organizar melhor a cada dia”. Essa mudança sutil direciona o cérebro para novas possibilidades, sem a rigidez de um rótulo negativo.

Isso nos leva à neuroplasticidade, a incrível capacidade do cérebro de criar e fortalecer novos caminhos neurais. Cada vez que optamos por agir de forma diferente — enfrentando um medo, quebrando um padrão ou insistindo onde antes desistiríamos — estamos literalmente treinando nossa mente para sair da resistência e entrar em um estado de fluidez. No início, esse processo exige esforço consciente, mas, com o tempo, o que parecia difícil se torna natural.

Pense em como você aprendeu a dirigir ou a andar de bicicleta. No começo, tudo parecia complicado: muitos detalhes para lembrar, coordenação difícil, um medo constante de errar. Mas, com a prática, algo incrível aconteceu — de repente, você estava fazendo aquilo sem precisar pensar tanto. O mesmo vale para mudar sua mentalidade. Quanto mais você pratica enxergar-se de uma nova forma, mais essa versão se fortalece dentro de você.

Reescrever sua história não significa ignorar dificuldades ou forçar um otimismo vazio. Significa reconhecer que, apesar dos desafios, você tem o poder de escolher o significado que dá para cada experiência. E essa escolha, feita repetidamente, muda não apenas sua forma de pensar, mas os resultados que você obtém na vida.

O que está te prendendo?

Se você chegou até aqui, talvez tenha sentido um incômodo, aquela pontada interna que surge quando nos reconhecemos em algo. A resistência tem esse poder invisível de nos manter estagnados, repetindo padrões, adiando sonhos, justificando a falta de ação…e como ela é convincente! Mas agora que você entende como ela opera, a pergunta que fica é: o que, exatamente, está te prendendo? Seria  o medo de falhar? O receio do julgamento alheio? A crença de que você não é capaz ou não merece? Talvez seja a ideia de que precisa esperar o momento perfeito, quando tiver mais tempo, mais dinheiro, mais segurança. Mas e se esse momento nunca chegar? E se a única coisa que precisa mudar for a sua decisão de começar agora, com o que tem e onde está?

A verdade é que ninguém está vindo te resgatar. Nenhuma mudança externa vai acontecer até que você assuma o controle do que está dentro de você. E se, em vez de esperar sentir-se pronta, você decidisse agir apesar da resistência? O que aconteceria se, hoje, você desse um passo em direção ao que realmente quer?

A resistência sempre vai existir. Mas agora você tem consciência e sabe que ela não precisa ser um obstáculo intransponível. O convite aqui é simples: desafie seus padrões, observe seus pensamentos, questione suas desculpas e, acima de tudo, faça algo que a resistência sempre impediu. Pode ser um pequeno passo, mas que seja um passo real. Afinal, a transformação não acontece em um grande salto — ela acontece quando você decide, repetidamente, seguir em frente.

Andréa Moreira

Sou bióloga e ecóloga, apaixonada pela conexão entre o ser humano e a natureza. Como redatora autodidata, integro terapias energéticas, neurociências e física quântica para promover consciência do potencial humano. Acredito que, ao reconhecer seu valor, o ser humano vive em harmonia consigo, transforma suas relações e cuida da sua relação com o planeta, promovendo um futuro mais equilibrado e sustentável.

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